Projeto Canguçu, situado na ilha, tornou-se o principal ponto de encontro para a prática da atividade sustentável, que é uma opção como terapia natural e incentiva o ser humano a se conectar com a natureza
O servidor público Tycho Brahe Fernandes observa aves há 5 anos e conta que a paixão surgiu após notar um fato curioso:. “Um casal de saí-azul (dacnis cayana) que frequentava diariamente o jardim de minha casa me transformou num observador de aves”.
Ele revela que a atividade foi além da curiosidade. “Me conectou com outras pessoas, abrindo um leque de amizade que eu não teria no dia a dia, as amizades que fiz “pelos caminhos das passarinhadas” são motivos para continuar. A observação requer paciência e o seu exercício tem me ajudado e muito”, revela.
Quem está ou mora em Palmas tem a oportunidade de observar araras-canindé sobrevoando o cerrado tocantinense ou, ainda, seus ninhos nas palmeiras na avenida Juscelino Kubitschek. “Birdwatching” ou “Observação de Aves” existe há séculos e é realizada tanto na zona urbana, em centros, quanto rural, com matas fechadas.
O ornitólogo e proprietário da Eco Birding Brasil, André Grassi, atua como guia em todo o país e relata que o perfil dos visitantes que praticam a atividade é variado e a procura não se limita apenas aos ambientalistas. “São pessoas de vários setores – médicos, advogados, engenheiros, bombeiros, que tomam como passatempo a atividade de observação de aves”.
Grassi ainda afirma que a procura pela atividade é uma forma de aliviar o estresse. “É uma maneira de se desligar um pouco da correria do mundo e do cotidiano que vivem, então, as pessoas buscam a natureza como uma válvula de escape”, explica.
Terapia holística ou natural
Observar aves permite que o ser humano entre em contato com a natureza sem interferir no seu ambiente e comportamento natural. Além disso, é uma atividade acessível, sustentável e benéfica, uma vez que ajuda no combate à depressão e à ansiedade.
A naturopata Mariana Machado explica que a prática é uma terapia holística/natural que existe há muito tempo e é benéfica para ansiedade, doenças psicossomáticas, emocionais e mentais. “O simples fato de parar e observar uma ave já é uma forma de meditação ativa. Vivemos muito lá na frente e esquecemos de viver o aqui e agora, então, focar no agora é o que a observação das aves causa na gente”.
A terapeuta destaca ainda a relação das cores das aves com a cromoterapia. “As cores influenciam no nosso dia-dia, então, uma ave muito colorida faz com que a gente fique atento, se tem um amarelo, vermelho ou laranja, elevam a vibração. O nosso nervo óptico capta a cor e manda para o sistema nervoso, gerando uma sensação”, explica a naturopata.
As recomendações para iniciantes são duas: ter curiosidade e gostar da natureza. A atividade fascina e convida o ser humano a observar detalhes que estão à sua volta e escutar sons de centenas de milhares de espécies de aves.
Projeto Canguçu
O Projeto Canguçu está localizado às margens do Rio Javaé, na Ilha do Bananal, sudoeste do Tocantins. O lugar é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e um Centro de Pesquisa, cujo objetivo é fomentar o ensino, pesquisa, extensão e atividades turísticas.
O coordenador do projeto, Renato Torres, afirma que a riqueza natural e a elevada biodiversidade fazem do local um ‘hotspot’ para observação de aves, sendo o principal ponto do Tocantins e um dos principais do Brasil. “Recebemos anualmente turistas brasileiros e estrangeiros, trabalhamos com a atração e proteção da fauna e temos a visita diária de antas e cutias que vem ao centro se alimentar e são contempladas e fotografadas pelos usuários”, afirma.
O coordenador explica também o que tem atraído olhares para a região: “A grande biodiversidade regional e a facilidade em visualizar a fauna, principalmente no rio (boto, jacaré, aves, ariranhas, entre outros), aliado à infraestrutura, localização e acesso privilegiado, têm aumentado o fluxo turístico na Reserva”, finaliza.
O rio Javaés é referência na pesca esportiva, fato que atrai turistas para o Canguçu. O ambiente dispõe de alojamento, sala de aula, redário, trilhas dentro da mata e placas de orientação no percurso, exposição fotográfica, veículos, barcos e um pequeno museu de fauna com crânios de animais da região.
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