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Projeto de vivência com barro ensina a criar peças e instrumentos musicais em Taquaruçu

Iniciativa liderada por artesão tocantinense preserva tradições, explora riqueza cultural do estado e traz símbolos regionais nas peças artesanais, como a arara-canindé, araticum, babaçu e buriti

O projeto Pote de Ouro Arts, encabeçado pelo artesão e ceramista Wanderley Batista de Carvalho, 43 anos, e a sua esposa Daniella Aires, 40 anos, está situado na Chácara Barriguda, no distrito de Taquaruçu, a 30 km de Palmas.

A iniciativa oferece vivências com o barro para crianças e adultos, que criam peças artesanais e instrumentos musicais e exploram a riqueza cultural, histórica e símbolos regionais do estado na pintura das peças.

O artesão relata que teve seu primeiro contato com a cerâmica aos 13 anos, mas o projeto ganhou forma em 2018, impulsionado pelo desejo de estar mais próximo da família e pelo amor à cultura e história da região.

Demonstração inicial da vivência. Foto: Jéssica Sá

A inspiração para o nome ‘Pote de Ouro Arts’ refere-se às histórias que o artesão ouvia quando criança na região. “Escutava histórias sobre um lugar muito rico, onde o ouro estava no solo, as pessoas encontravam, colocavam dentro de potes e enterravam sob os pés de pequi e caju”.

Esses potes de ouro, cheios de significado e simbolismo, tornaram-se a marca registrada do projeto, que ocorre em uma casa de adobe levantada há mais de 60 anos, local em que o artesão se criou e onde a riqueza está “nas mentes e corações de todos que ali adentram”, nas palavras do ceramista.

Wanderley se dedica à preservação das tradições, mescla técnicas primitivas e tecnológicas na produção das peças e transferências de símbolos tocantinenses.

“A cerâmica e o buriti são duas linhas fortes do nosso trabalho. Na peça de cerâmica faço um trabalho de engobe e esgrafito. Utilizo um barro que trago de Pindorama (TO) e um de Porto Nacional (TO), um vermelho e outro branco, e tenho um contraste legal depois da queima”.

Arara-canindé, araticum, babaçu, buriti, suça e a viola de buriti são alguns exemplos iconográficos utilizados para representar o Tocantins no projeto e nas peças, que viram potes, pratos, artesanatos, instrumentos musicais, utensílios, etc.

Ao entrar no espaço da chácara, os visitantes têm a oportunidade de não apenas observar, mas de viver o processo de criação. Do barro à secagem da peça, cada etapa é uma lição de paciência, respeito pela natureza e compreensão.

“As crianças percebem que a vida, nesse momento que está fazendo essa vivência, não é uma coisa rápida e prática: existem etapas. Observam que tem todo um trabalho para fazer uma peça, que é preciso pegar a matéria-prima, processar o barro, amassar e respeitar o tempo da natureza e de secagem da peça”, detalha.

O projeto também promove a educação e a formação de grupos de estudo, tanto para crianças quanto para profissionais da área de psicologia, que encontram na cerâmica um poderoso meio de compreensão e expressão.

“Vejo que eles fazem um paralelo com o processo de produção, com a vida das pessoas e todos os comportamentos. Brincam e descobrem muitas possibilidades de atendimento nos seus trabalhos a partir da cerâmica”, analisa.

“Também temos um projeto que chama de ‘batuque’, onde as crianças desenvolvem alguns instrumentos e estudam um pouco as células rítmicas que utilizamos no Tocantins como a catira, o forró, baião e a suça”.

Ensinando a centralizar o barro. Foto: Jéssica Sá

Colaborações e parcerias são importantes para o sucesso do projeto, por isso, quando surgem, Wanderley participa de editais culturais e políticas públicas que fomentam atividades.

“A gente acredita muito que, além de ter o ponto aqui, precisamos levar para dentro das escolas, para locais de ensino e poder mostrar mais. A gente trabalha todos esses temas: família, escola, educação, arte e cultura, imagina esse tema dentro da escola? Dá para trabalhar uma multidisciplinaridade”, explica.

A integração com os operadores turísticos da região também tornou-se uma forma de apoio.

“Ocorre dos guias indicarem pessoas para o local, e fizemos parcerias. Têm as agências que agendam os momentos de vivência com seus turistas e tem aquelas outras que vão para o Jalapão e, na volta, passam em Taquaruçu. Para aqueles que vendem pacote turístico, estão vendendo algo exclusivo e diferente, que vai além de um passeio para o Jalapão: uma vivência cultural”, analisa.

Ao visitar o Projeto Pote de Ouro Arts, os turistas não apenas adquirem peças únicas de arte e artesanato, mas também levam consigo uma parcela do espírito e da tradição tocantinense.

Informações

As vivências ocorrem em dois horários e é preciso agendar. Os horários são aos sábados pela manhã, às 10h e à tarde, no horário das 15h para crianças (a partir de 6 anos). O valor da taxa para adulto é de R$40 e para crianças, R$25. São 10 vagas por turno. Peças de cerâmica, filtros do sonho, painel de macramê, conjuntos de moringa e copos, são expostos à venda no local. Siga: @potedeouroarts para ficar por dentro das vivências.

Modelando barro. Foto: Jéssica Sá

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